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  • Foto do escritorLuiz Fernando Arêas

OS DOIS CÁLICES

Essa é uma das histórias mais tristes de toda a Escritura.


Jesus e seus discípulos saem do cenáculo, local onde tiveram a ceia da Páscoa, e vão a um lugar chamado Getsêmani ("prensa do azeite").

Mateus e Marcos contam que a alma de Jesus estava angustiada até a morte. A agonia da cruz se intensificava. Ele precisava que seus amigos orassem por ele, mas os discípulos dormiam. O vigor da sua oração contrasta com o sono dos discípulos. Num gesto de carinho, o Pai lhe envia um anjo para fortalecê-lo.


O tormento do nosso Senhor se traduz nessas palavras:

“Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua”.

(Lucas 23.42)


No contexto bíblico, o cálice dado para alguém beber geralmente é colocado como símbolo do destino ou sina daquela pessoa. Jesus estava tentando escapar da sua missão? Vemos aqui que Jesus não é somente Deus, mas humano também. Se ele fosse apenas Deus, não temeria. Mas Jesus expressa ao Pai aquilo que está em seu coração e se submete perfeitamente à vontade do Pai.


Nunca é errado expressar nossos verdadeiros sentimentos a Deus. Jesus expôs seu pavor das provações que viriam, mas também reafirmou seu compromisso de fazer o que Deus queria. O cálice de que ele falou significou a terrível agonia que ele sabia que iria suportar - não apenas o horror da crucificação, mas ainda pior, a total separação de Deus que ele teria que experimentar para morrer pelos pecados do mundo. 
~ Life Application Study Bible NIV

Há dois cálices na Bíblia, de duas metáforas opostas: o cálice da ira de Deus (juízo, julgamento) e o cálice da salvação (bênção, salvação). Um exemplo do cálice da ira de Deus está em Jeremias:

15 Assim me disse o SENHOR, o Deus de Israel: “Pegue da minha mão este cálice cheio do vinho de minha ira e faça que bebam dele todas as nações às quais eu o enviar. 16 Quando beberem, ficarão cambaleando, enlouquecidas por causa das guerras que enviarei contra elas”.

(Jeremias 25)

São exemplos do cálice da salvação:

Somente tu, SENHOR, és minha herança, meu cálice de bênçãos; tu guardas tudo que possuo.

(Salmo 16.5)


Preparas um banquete para mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo; meu cálice transborda.

(Salmo 23.5)


Erguerei o cálice da salvação e invocarei o nome do Senhor.

(Salmo 116.13)


Millard Erickon comenta na sua Teologia Sistemática:


Nem sempre recebemos o que pedimos. Jesus pediu três vezes que seu cálice (a morte por crucificação) fosse removido; Paulo orou três vezes para que seu espinho na carne fosse removido. Em ambos os casos, o Pai confirmou, pelo contrário, algo que era mais necessário (por exemplo 2Coríntios 12.9,10). Os cristãos podem orar confiantes, sabendo que nosso sábio e bom Deus nos dará, não necessariamente o que pedimos, mas o melhor. A vontade do Pai era que o Filho bebesse o cálice da ira divina:

"Contudo, foi da vontade do Senhor esmagá-lo e fazê-lo sofrer"

(Isaías 53.10)


Era a vontade do Pai matar seu Filho amado para que Ele não tivesse que nos matar, porque o cálice da ira era devido a nós.


Jesus bebeu o cálice da ira de Deus para que nós pudéssemos beber o cálice da salvação de Deus.

Todos beberemos de um desses cálices. Quem não beber o cálice da salvação, que só pode ser bebido aceitando Cristo como Salvador e Senhor, beberá do outro.


A realidade da ira de Deus faz parte da mensagem bíblica tanto quanto sua graça.

Leighton Ford, 1931-

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