Bom dia.
A reflexão de hoje vem deste excerto do livro de John White, "As máscaras da melancolia”, editora ABU. Há uma edição mais recente pela editora Ultimato.
Embora Deus não seja o autor do mal, ele controla de tal maneira os atos criminosos dos seus inimigos que o mal é usado para operar justiça, juízo, disciplina e castigo, especialmente para aqueles que ele ama. "A ira se transforma em mais louvores a ti; e aqueles que não morreram nas guerras vão comemorar as tuas festas", canta Asafe, o músico e poeta (Salmo 76:10 BLH).
Deus não seria Deus se não estivesse no controle da propagação do mal, e se ele não fosse capaz de usá-lo para a derrota e a destruição do próprio mal. Estarão então certos os quietistas? Talvez não devamos resistir ao mal. Em Hebreus 12 somos exortados de fato a considerá-lo como um castigo de Deus que devemos suportar (vs. 5-11). Tudo depende, naturalmente, com o que entendemos por resistência.
Eu sou atropelado por um motorista inescrupuloso e sofro várias fraturas. Uma delas, na espinha, me deixa paralisado da cintura para baixo. Os cirurgiões me informam que nem tudo está perdido e que uma intervenção cirúrgica poderá restaurar minhas pernas. Alguns quietistas extremados insistiriam comigo para que deixe Deus operar a sua vontade perfeita em minha vida através da tragédia. Os ativistas extremados insistiriam comigo para confiar em Deus, e não nos cirurgiões, para a cura.
A posição bíblica (a meu ver) fica em algum lugar entre os dois pontos de vista. Eu certamente devo crer que de algum modo esta terrível tragédia tem um propósito divino para mim. Ele sabia antes da criação do mundo que isto me sucederia. Aconteceu com o seu consentimento expresso.
Mas, considerando que ele não é um Deus cruel, mas um Pai amoroso, não teria permitido um golpe tão cruel sem que tivesse um bem maior em mente.
Porém, através dos cirurgiões, sejam eles ímpios ou piedosos, ele me oferece a esperança de que a provação será temporária. Se Deus, (que controla os atos dos cirurgiões assim como os atos dos motoristas inescrupulosos) coloca o auxílio em meu caminho, também devo aceitar a ajuda oferecida como vinda de sua mão.
A verdadeira dificuldade aparece quando não estamos lidando com cirurgiões e motoristas inescrupulosos, mas com o nosso humor, as nossas emoções, nossas lutas internas. Na verdade, são estes os sofrimentos que mais preocupam os quietistas. Eu não devo resistir ao tumulto que há em minha alma, mas reconhecer que Deus vai removê-lo no seu devido tempo. Qualquer esforço de minha parte vai interferir com o que Deus está fazendo.
John White, 1924-2002
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