Bom dia.
O texto de hoje é bem conhecido de todos. Jesus diz que é a Videira Verdadeira.
Sete vezes, no evangelho de João, Jesus diz "EU SOU...":
o Pão da Vida;
a Luz do Mundo;
a Porta;
o Bom Pastor;
a Ressurreição e a Vida;
o Caminho, a Verdade e a Vida.
O último dos sete ditos "EU SOU" é justamente a videira verdadeira.
Há várias passagens do Antigo Testamento que se referem a Israel como "a videira". Quando essa figura de linguagem é usada, com frequência é para mostrar que Israel está, de alguma maneira, em falta, por exemplo, Jeremias 2.21. Jesus, no entanto, é “a videira verdadeira”. Onde Israel falhou em ser bênção, Jesus cumpriu. Aqui, ao invés de Israel ser a videira, Jesus aplica a ideia a si mesmo, e seus discípulos são os ramos.
O PROPÓSITO DE DEUS
O propósito de Deus é que seu povo frutifique, do mesmo modo que é função da videira produzir uvas. O tempo presente dos verbos enfatiza o processo contínuo da produção de frutos. E produzir frutos é uma descrição familiar do cristão fiel nas cartas de Paulo:
Assim, meus irmãos, vocês morreram para o poder da lei quando morreram com Cristo, e agora estão unidos com aquele que foi ressuscitado dos mortos. Como resultado, podemos produzir uma colheita de boas obras para Deus.
(Romanos 7.4)
Então vocês viverão de modo a sempre honrar e agradar ao Senhor, dando todo tipo de bom fruto e aprendendo a conhecer a Deus cada vez mais.
(Colossenses 1.10)
QUAIS SÃO OS SEGREDOS DA VIDEIRA FRUTÍFERA?
Apontaremos dois deles no texto de João. O primeiro neste post, o segundo na continuação.
O primeiro segredo é a poda (limpeza) da planta.
Deus é um jardineiro incansável, podando todo ramo que dá fruto para que ele frutifique ainda mais.
Martinho Lutero e John Stott entendem que essa poda é uma ilustração do sofrimento e trata-se de um processo drástico.
Videiras podem crescer e produzir muitos frutos somente com o cuidado do agricultor.
Cristo deseja nos ensinar a olharmos as aflições e o sofrimento de maneira diferente da que nós os encaramos.
O arbusto é cortado geralmente no outono, o que, para os leigos, parece extremamente cruel. Às vezes resta apenas um toco — nu, cerrado, marcado e mutilado — mas quando a primavera e o verão retornam, os frutos aparecem em abundância.
A poda (o sofrimento) não ocorre de modo alheio à vontade de Deus. O sofrimento não é sinal da ira, mas da misericórdia de Deus e do seu amor paternal. Ele serve para o melhor (Romanos 8.28,29).
Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos.
(Salmo 119.71)
Já imaginou se a videira pudesse falar com o agricultor? Se ela pudesse ver o agricultor cortando ao redor de suas raízes com uma enxada? E se ela pudesse ver o agricultor aparando seus galhos com uma faca? Diante disso tudo, ela poderia dizer:
“Oh, o que você está fazendo? Agora eu vou murchar e deteriorar porque você está trabalhando em mim, tirando-me o solo e arranhando-me com esses dentes de ferro. Você está me ferindo e me beliscando por todos os lados, deixando-me quase nua. Você é mais cruel comigo do que com as outras plantas.”
Contudo, a faca dolorosa da poda está em mãos seguras. Alguma forma de sofrimento é praticamente indispensável à santidade. Nesse diálogo imaginário, o agricultor replicaria:
“Você simplesmente não compreende. Se eu corto um galho, é porque se trata de um galho inútil, que tira a sua força e esgota a sua seiva. Os outros galhos não poderão produzir frutos e começarão a definhar. O que faço é para seu próprio bem. Estou fazendo isso para que você dê mais frutos.”
A poda é dolorida. Todavia, necessária para nosso crescimento e frutificação.
Só depois que nos tornamos humildes e ensináveis e permanecemos extasiados diante da santidade e soberania de Deus... reconhecendo nossa pequenez, desconfiando dos nossos pensamentos e desejando ter a mente humilhada, é que podemos adquirir a sabedoria divina.
J. I. Packer, 1926-2020
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