Bom dia.
Há anos fui internado bem na época do Natal. Privado de ficar minha família, esposa e filho (na época, com dois anos), questionei Deus o porquê de tudo aquilo.
Claro que não recebi nenhum e-mail divino dando-me satisfações. Não obtive respostas objetivas para meus dramas pessoais, porém, elas vieram subjetivamente por meio da meditação da Palavra de Deus.
Comecei a ler o livro de Ester, que estava um tanto empoeirado na minha Bíblia. Ele tem o artifício literário de não citar Deus em nenhum dos seus versos. Todavia, é impressionante ver a mão do Senhor nos bastidores, nos detalhes do cotidiano, nas “casualidades”. Alguém já disse que não há coincidências, mas “cristocidências”. No cenário da desesperança e da impossibilidade humana, o Senhor “age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam” (Romanos 8.28).
Emprestei o título de hoje, O sol ainda pode brilhar, de um livreto justamente sobre Ester, de Calvino Rocha, da Editora Candeia. Recomendo!
Este cenário das impossibilidades de Ester também se apresenta no livro de Rute, o outro livro da Bìblia com nome de mulher. Ela e Noemi retornam a Belém viúvas, na delicada situação da pobreza absoluta.
A lei de Deus ordena:
“Quando vocês estiverem fazendo a colheita de sua lavoura e deixarem um feixe de trigo para trás, não voltem para apanhá-lo. Deixem-no para o estrangeiro, para o órfão e para a viúva, para que o SENHOR, o seu Deus, os abençoe em todo o trabalho das suas mãos.”
(Deuteronômio 24.19)
Por isso, Rute vai colher espigas no campo “de quem permitir”, o que equivaleria a entrar na fila do sopão ou buscar ajuda numa instituição de auxílio social.
Nesse gesto tão comum aos pobres e viúvas, as “cristocidências” se manifestariam de forma marcante. Rute entra “casualmente” numa propriedade de Boaz, um parente e resgatador da família de Noemi. Nesse dia, Boaz resolve passar por ali e acaba conhecendo aquela de quem já tinha ouvido falar, pois talvez Rute não tivesse se dado conta, mas sua atitude de deixar pai e mãe para cuidar de Noemi impactara a comunidade local.
Aprendemos neste segundo capítulo de Rute, o que é viver pela fé, pela graça e pela esperança. Como dizia Warren Wiersbe, 1929-2019:
Antes de mudar as circunstâncias em que nos encontramos, Deus deseja transformar nosso coração. Se nossa situação mudar para melhor, mas continuarmos os mesmos, na verdade, nos tornaremos piores!
O propósito de Deus em sua providência não é nos deixar confortáveis, mas sim nos tornar “conformes à imagem de seu Filho” (Romanos 8.29). O que Deus deseja para cada um de seus filhos é que tenham um caráter semelhante ao de Cristo.
Façamos a nossa parte. Enquanto trabalhamos, saiamos em busca da graça, como fez Rute. Ao mesmo tempo, confiemos no cuidado do nosso Bom Pastor.
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