Bom dia.
Essa é a segunda parte da reflexão sobre o Salmo 5 (veja a parte 1 aqui).
2º Davi busca a Deus logo cedo para REORGANIZAR SEU DISCERNIMENTO.
Depois de clarear as emoções do coração, Davi quer clarear os pensamentos da mente. Lutero, dizia: “Amanhã tenho muitas coisas para fazer. Vou levantar-me mais cedo e orar mais.”
Normalmente nos arrependemos das decisões que tomamos quando as emoções estão descontroladas, e com o discernimento prejudicado podemos avaliar mal as coisas. Podemos achar que o que é errado é certo; que Deus não se importa com a injustiça; que os fins justificam os meios.
Agora mais calmo, Davi volta a ter suas ideias aclaradas.
4 Tu não és um Deus que tenha prazer na injustiça; contigo o mal não pode habitar. 5 Os arrogantes não são aceitos na tua presença; odeias todos os que praticam o mal.
(Salmo 5.4,5)
Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), pastor luterano preso e morto pelo regime nazista, escreveu sobre a importância da oração matinal:
A ordem e a disciplina do dia vão sendo buscadas na oração da manhã. A oração na manhã decide sobre o resto do dia. A vergonha quanto ao tempo desperdiçado, a fraqueza e o desânimo no trabalho, bem como a confusão e a indisciplina em nossos pensamentos e nos relacionamentos com outras pessoas frequentemente têm sua origem no desleixo da oração matinal.
3º Davi busca a Deus logo cedo para ROGAR PELA DIREÇÃO DE DEUS.
7 Eu, porém, pelo teu grande amor, entrarei em tua casa; com temor me inclinarei para o teu santo templo. 8 Conduze-me, Senhor, na tua justiça, por causa dos meus inimigos; aplaina o teu caminho diante de mim.
(Salmo 5.7,8)
Davi diz: “Senhor, tenho dificuldades. Preciso da tua graça. Preciso da tua direção. Preciso da tua graça para resistir à tentação do caminho errado que eles trilham, e aparentemente, são bem-sucedidos. Preciso da tua direção para não fazer as mesmas coisas que eles fazem. O Senhor é o justo Juiz. É o Senhor quem vai cuidar deles (v. 6 e 10).
A oração da manhã nos dá direção para o restante do dia. Nos reconecta com Deus. A ordenação e o uso disciplinado do nosso tempo firmam-se quando procedem da oração. As tentações que brotam dos afazeres diários são vencidas pela busca de Deus. As decisões concernentes ao nosso trabalho tornam-se mais fáceis e mais leves quando são tomadas diante da face de Deus e não no temor de homens.
(D. Bonhoeffer)
O resultado do processo é paz e proteção.
11 Alegrem-se, porém, todos os que se refugiam em ti; cantem sempre de alegria! Estende sobre eles a tua proteção. Em ti exultem os que amam o teu nome. 12 Pois tu, Senhor, abençoas o justo; o teu favor o protege como um escudo.
(Salmo 5.11,12)
Davi encerra o salmo falando do resultado dessa oração da manhã: paz e proteção de Deus, apesar de todos os problemas e dificuldades. Não é uma paz que significa ausência de problemas, mas apesar dos problemas. Este é o verdadeiro significado da paz.
Deus nos dá 1440 minutos todos os dias, para vivermos e decidirmos o que fazer com eles. Quero fazer um desafio a você. Que você separe 15 minutos desses 1440 que Deus nos dá para ter um tempo de oração, só você e Ele. Isso corresponde a 1% (um por cento!). Acorde mais cedo.
E se você disser que não tem tempo para orar de manhã, lembre-se de Daniel.
Ele foi um dos três homens mais poderosos e importantes do império medo-persa, incumbido pelo rei Dario de administrar o reino. Mesmo com essa agenda, três vezes por dia, ele se ajoelhava e orava (Daniel 6.10), agradecendo a Deus.
Você não tem que sair lá fora, procurar pedras e montar um altar. O altar do sacrifício, da oração, é o seu coração. Prepare seu altar todos os dias e ofereça sobre ele a sua oração, seu agradecimento, seu gemido, seu grito de socorro, seu louvor.
Jesus tinha a agenda mais concorrida da Bíblia, mas não abria mão desse tempo com o Pai. E não eram 15 minutos, eram horas. Comece bem o dia buscando a Deus, reordenando as emoções, reorganizando as prioridades, e buscando sua graça e direção.
De fato, o cristianismo é velho, cada vez mais velho, ano após ano. No entanto, ele é também novo, cada vez mais novo, manhã após manhã.
John Stott, 1921-2011
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