Bom dia.
Quantos amigos você tem?
“Quem tem muitos amigos pode chegar à ruína”.
(Provérbios 18.24)
Como isso é possível? Ter amigos não é uma coisa boa? Sim. Então, ter muitos amigos seria ainda melhor, certo? Não.
Apesar do que pensam os amantes ferrenhos das redes sociais, “muitos amigos” é uma contradição de termos, algo impossível. Se são muitos, não são amigos. Se são amigos, não são muitos.
“...mas o verdadeiro amigo é mais próximo que um irmão.”
(Provérbios 18.24)
Amigo verdadeiro é coisa rara, não é fácil encontrar um. Não nasce pronto, é preciso cultivá-lo. Tal como requerem as plantas, o tempo, o cuidado, o cultivo e a persistência são indispensáveis para se forjar a amizade verdadeira.
“Como o ferro afia o ferro, assim um amigo afia o outro”.
(Provérbios 27.17)
A amizade sincera por vezes produz faíscas, pois o amigo verdadeiro se importa tanto com seu companheiro de caminhada que deseja afiá-lo, prepará-lo melhor para os desafios da jornada da vida. É uma pessoa valiosa, que pode afiar nossa vida com verdade e amor - que devem ser inseparáveis – limpando as arestas e recuperando o fio desgastado do machado que já não cortava com facilidade.
É exatamente esse o cerne do discipulado. Amigos que, juntos, trilham a jornada do Mestre, ensinando um ao outro, e aprendendo um com o outro, a obedecer a tudo que Ele os ordenou (Mateus 28.19-20). Uma comunidade cristã relevante deve ter grupos de amigos assim.
Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido.
Creio que os belos textos de Provérbios não apontam apenas para os relacionamentos humanos, mas principalmente para o Amigo Proverbial, Jesus Cristo, que nos ama incondicionalmente. Como diz Philip Yancey,
“Jesus nos ama tanto a ponto de nos aceitar como somos;
mas nos ama demais para nos deixar assim.
Ele quer nos tornar cada vez mais parecidos com Ele”.
Ele quer nos limpar e afiar, a fim de forjar seu caráter em nós.
Foi lutando contra terríveis revezes que Joseph M. Scriven (1819-1896), buscou ter uma vida íntima com Deus. Ele estava para se casar, mas sua noiva morreu na véspera do casamento. Ele mudou-se da Irlanda para o Canadá, tentando deixar a tristeza para trás.
Após algum tempo, apaixonou-se novamente; e novamente, sua noiva morre antes do casamento. Confuso, deprimido e com a fé estremecida, Scriven passa a frequentar uma igreja, onde é acolhido e consolado (igreja relevante é assim).
Passou o restante de sua vida doando seu tempo e dinheiro para ajudar os mais pobres, vivendo o evangelho de Cristo onde estivesse. Ao saber que sua mãe adoecera na Irlanda e sem poder viajar até lá, escreveu uma carta com esses versos, que, mais tarde, se tornariam seu famoso hino: What a Friend We Have in Jesus, conhecido em português nas versões "Quão bondoso amigo é Cristo", ou "Em Jesus amigo temos":
Em Jesus amigo temos, mais chegado que um irmão
Ele manda que levemos tudo a Deus em oração
Oh que paz perdemos sempre, oh que dor no coração
Só porque nós não levamos tudo a Deus em oração
Scriven encontrou todo o consolo e forças que precisava em sua amizade com o Senhor. Sua espiritualidade se refletia na vida. Conhecido como “o bom samaritano”, sempre ajudava o próximo. Após sua morte, um monumento foi erigido em sua homenagem.
Reveja e atualize seu pequeno acervo de amigos. Certamente há alguém precisando de uma afiada carinhosa e companheira. Talvez você também precise ser afiado. Recorra a eles, e, sobretudo, não se esqueça de deixar-se afiar pelo melhor e imprescindível Amigo de todos.
"Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.”
(João 15.13,14)
Então, voltando à pergunta inicial, quantos amigos você tem?
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