Luiz Fernando Arêas

abr 93 min

O CARINHO DE JESUS NO NOSSO ROSTO

Bom dia.

Leia Apocalipse 1.9-18

John Piper escreveu: “livros não mudam pessoas; parágrafos, sim. Às vezes, até sentenças”.

Concordo com ele. Há alguns textos bíblicos que me são especiais, pois causaram grande impacto no meu coração, chegando em momentos difíceis, de tribulações e fragilidade. Eles trouxeram a mensagem divina que eu precisava ouvir naquele exato momento. Foi o que fizeram essas palavras tranquilizadoras de Jesus ao apóstolo João na ilha de Patmos:

“Não tenha medo! Eu sou o Primeiro e o Último. Sou aquele que vive. Estive morto, mas agora vivo para todo o sempre!
 
E tenho as chaves da morte e do mundo dos mortos.”

(Apocalipse 1.17b,18)

João estava exilado em Patmos, uma ilha prisão, por pregar a palavra de Deus e testemunhar a respeito de Jesus”. Ele escreve aos irmãos das sete igrejas da província da Ásia se apresentando como irmão e companheiro no sofrimento, no reino e na perseverança para a qual Jesus nos chama. O discípulo amado vivia num tempo de lutas e privações - a cruel realidade de Patmos.

Há várias formas de permitirmos que as circunstâncias nos derrotem. Podemos fazer isso nos entregando à autopiedade: “Por que comigo?” Ou nos rendendo ao desencorajamento: “Para que continuar?” Podemos ainda nos tornar irritadiços, amargos ou cínicos nas provações.

Como João reagiu a Patmos? Essa é a pergunta mais importante que podemos fazer sobre ele. E também a questão mais importante que podemos fazer sobre nós mesmos. Nossas circunstâncias, sejam elas quais forem, podem ser muito importantes. Mas a questão de suprema importância não é quão terríveis elas sejam, mas como reagimos a elas.

As tribulações são, na maior parte das vezes, ferramentas com as quais Deus nos molda para coisas melhores.
 
Henry Ward Beecher, 1813-1887

Como João reagiu a Patmos? Ele não deixou que Patmos o dominasse. João recusou render-se à prisão. Patmos era real. Seu sofrimento era verdadeiro. Como ele resistiu? Veja estas palavras de Clovis Chappell, 1882-1972 sobre essa passagem:

“Eu estou em Patmos”, ele diz. “Mas Patmos não está em mim!”
 
Ele entrou em Patmos, mas Patmos não entrou nele!

O cristão precisa cultivar uma espiritualidade equilibrada, com os olhos fitos nos céus e os pés firmados na terra. Se ele se desconecta da terra e vive apenas voltado para o céu, se torna um alienado, um fanático. Se ele tira os olhos dos céus e os coloca apenas na terra, então ele se torna um materialista, um cristão morno, um hipócrita. João é exemplo da espiritualidade sadia equilibrada. Ele não nega Patmos nem tira os olhos de Deus.

Então Jesus Cristo glorificado aparece a João para dizer as palavras que ele e nós precisamos tanto ouvir quando as dificuldades chegam: “Não tenha medo! Eu sou o Primeiro e o Último. Sou aquele que vive. Estive morto, mas agora vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do mundo dos mortos.”

  • "Sou o Primeiro e o Último". Não há nada que escape dessa amplitude, nada.

  • "Sou aquele que vive. Estive morto, mas agora vivo para todo o sempre!". Mesmo quando tudo parecia ter dado errado, mesmo quando Jesus morreu, nem assim a situação saiu de controle. Aquela tumba não conseguiu detê-lo. Ele ressuscitou, está vivo, soberanamente vivo sobre vivos e mortos, sobre céu, terra e inferno, sobre todos os nossos problemas, sobre nossas Patmos.

  • "E tenho as chaves da morte e do mundo dos mortos."  Ele tem o controle absoluto sobre a vida e sobre a morte. Apesar da realidade das nossas "Patmos", ele é quem o domínio sobre sofrimento e livramento, sobre a vida e a morte.

Apesar de tudo, tudo sob controle.

Vejo essa passagem como um carinho de Jesus no rosto de João, num momento de grande necessidade.

O filme Ben-Hur, de 1959, vencedor de vários Oscar, estrelado por Chalrton Heston, 1923-2008, tem uma cena memorável. A história fictícia se passa no tempo de Jesus. Soldados romanos estão levando por quilômetros vários escravos acorrentados. Ben-Hur está entre eles. Eles passam por uma aldeia onde Jesus está. Os soldados romanos não permitem que Ben-Hur beba água, apesar do cansaço e da sede.

Jesus, com seu jeito pacífico, dá água a Ben-Hur, passa a mão em seu rosto, olha nos seus olhos, apesar do seu rosto não mostrado. Ben-Hur sai dali revigorado. Ele continua escravo, prisioneiro acorrentado, mas seu olhar é diferente. Deus o visitara.

Que possamos sentir o carinho de Jesus nas nossas lutas. Que seu carinhoso toque nos afague em nossas lutas.

Os sofrimentos não passam de pequenas lascas da cruz.

Joseph Church

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