Bom dia.
Rute, um dos dois livros com nome de mulher na Bíblia (o outro é Ester), conta a história da esperança em ação. Seu enredo é fascinante e revela o amoroso cuidado de Deus para com nossas vidas.
Por causa da fome que havia em Belém, Noemi, seu marido e seus dois filhos se mudam para Moabe. Lá, seu marido morre, os filhos se casam e, depois de dez anos, morrem também. Noemi resolve voltar para sua terra, Israel, e Rute, uma de suas noras, insiste em ir com ela, enquanto a outra, Orfa, retorna para a casa de seus pais.
Rute e sua sogra Noemi são duas viúvas sem filhos e estão sem comida, sem futuro, sem ter quem as defenda. Além disso, Rute é de Moabe, povo adversário dos judeus; e Noemi passa por uma depressão profunda, que pode ser percebida pelas suas últimas palavras no primeiro capítulo:
“Não me chamem de Noemi (agradável), respondeu ela. “Chamem-me de Mara (amarga), pois o Todo-poderoso tornou minha vida muito amarga. Cheia eu parti, mas o SENHOR me trouxe de volta vazia. Por que me chamar de Noemi se o SENHOR me fez sofrer e se o Todo-poderoso trouxe calamidade sobre mim?”
(Rute 1.20,21 – NVT)
O que fazer, diante de um quadro tão difícil e de poucas perspectivas humanas?
Alternativa A: “Esperar em Deus”, e ficar em casa, torcendo para que algum vizinho se compadeça delas e lhes traga comida.
Alternativa B: “Esperar em Deus”, mas fazer a parte que lhe cabe.
Certo dia, Rute, a moabita, disse a Noemi: “Deixe-me ir ao campo ver se alguém, em sua bondade, me permite recolher as espigas de cereal que sobrarem”. Noemi respondeu: “Está bem, minha filha, pode ir”.
(Rute 2.2)
É exatamente nesse ponto que a história das duas começa a mudar. Rute aprendera com a sogra que a lei de Deus ordenava o seguinte:
“Quando estiverem fazendo a colheita de suas lavouras e esquecerem um feixe de cereais no campo, não voltem para buscá-lo. Deixem-no para os estrangeiros, para os órfãos e para as viúvas. Então o SENHOR, seu Deus, os abençoará em tudo que fizerem”. (Deuteronômio 24.19)
Ou seja, Rute resolve ir em busca da graça, em colher espigas no campo daquele que lhe permitir. Certa vez, Jesus e seus discípulos usaram o mesmo recurso (Lucas 6.1).
O lema de Rute é “Ora et labora”, o mesmo dos monges beneditinos. Ore e trabalhe. Não apenas um ou outro, mas ambos. Para ela, esperar em Deus é colocar essa esperança em ação, fazendo a parte que lhe cabe sem tirar os olhos dos céus.
O que acontece? Casualmente (deliciosa ironia), ela entra num dos campos de Boaz, o homem que mudaria sua vida. E embora ele tenha tantos campos, Boaz 'casualmente' passa por aquele campo, 'casualmente' quando Rute lá está.
Percebe o tom de ironia do texto? É proposital, para enfatizar a atuação divina em cada cena da narrativa.
A Bíblia nos chama a estudá-la e aplicá-la em nossas vidas, pois também passamos situações complicadas, como a recente pandemia. Deus também está no controle das nossas histórias, nossos tempos difíceis e nossas “casualidades”.
Por tudo isso, Rute 2.2 é um dos meus versos preferidos das Escrituras.
Ora et labora!
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