Bom dia.
Essa reflexão é do profícuo teólogo John Stott (1921-2011).
Ela foi extraída do ótimo livro devocional "A Bíblia toda o ano todo" (leitura proveitosa), e pode ser encontrada no site da Editora Ultimato: https://ultimato.com.br/sites/john-stott/2018/10/16/poder-atraves-da-fraqueza/
Um dos temas predominantes nas cartas aos coríntios se refere ao poder através da fraqueza; há oito expressões diferentes sobre esse tema nas duas cartas.
A sede de poder tem sido uma característica da história humana desde que foi oferecida a Adão e Eva a possibilidade de receber poder em troca da desobediência a Deus. Até hoje, por trás da busca por dinheiro, fama e influência, está o anseio pelo poder. A busca pelo poder está presente na política e na vida pública, nos grandes negócios e na indústria, nas diferentes profissões e na mídia, e até mesmo na igreja e nas organizações para-eclesiásticas.
O poder é mais tóxico que o álcool e vicia mais que as drogas. Foi Lord Acton (1834-1902), político britânico do século 19, que compôs a epigrama: “O poder corrompe; o poder absoluto corrompe absolutamente”. Ele foi um católico que em 1870 se opôs veementemente à decisão do Concílio Vaticano I de atribuir infalibilidade ao papa, pois percebeu que com essa decisão a igreja seria corrompida pelo poder.
A Bíblia contém claras advertências sobre uso e abuso de poder. Paulo insistiu no tema do poder através da fraqueza, do poder divino através da fraqueza humana. Nos capítulos iniciais de 1Coríntios, ele apresenta três exemplos admiráveis desse mesmo princípio.
Nós encontramos esse princípio primeiramente no próprio evangelho, pois a fraqueza da cruz é o poder salvador de Deus (1Co 1.17-25).
Em segundo lugar, o poder através da fraqueza é visto nos coríntios convertidos, pois Deus escolheu pessoas fracas para envergonhar as fortes (1Co 1.26-31).
Terceiro, o poder através da fraqueza pode ser visto na vida de Paulo, o evangelista, uma vez que ele tinha ido a Corinto “com fraqueza, temor e com muito tremor”, mas também com “demonstração do poder do Espírito” (1Co 2.1-5).
Assim, as boas novas, os convertidos e o pregador (ou o evangelho, os evangelizados e o evangelista) exibiram o mesmo princípio de que o poder de Deus se aperfeiçoa na fraqueza humana, pois Deus escolheu um instrumento fraco (Paulo) para levar uma mensagem fraca (a cruz) a um povo fraco (os socialmente desprezados). Mas, através dessa tripla fraqueza, o poder de Deus foi — e ainda é — revelado.
John Stott
A fé capacita-nos a nos regozijarmos no Senhor de tal forma que nossas fraquezas tornam-se vitrines de sua graça.
C. H. Spurgeon, 1834-1892
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