Bom dia.
Leia: Lucas 5.12-16
A história dele é narrada nos evangelhos de Mateus (8.1-4), Marcos (1.40-45) e aqui em Lucas.
Ele é um personagem sem nome, de um povoado sem nome, como tantas pessoas e lugares anônimos na Escritura. Talvez isso torne nossa identificação com ele mais fácil e abrangente em qualquer tempo ou cultura.
Certo dia - triste dia - sua rotina diária foi quebrada quando apareceram algumas manchas em sua pele. Foi o início do maior drama da sua vida. A doença se alastrou por todo o corpo, a ponto de Lucas, que era médico, descrevê-lo como "um homem coberto de lepra".
A lepra (o termo pode se referir a diversas doenças da pele, conforme as notas de rodapé da NVI e NVT) era uma doença humanamente incurável. Mesmo assim, a lei de Israel previa a possibilidade da cura e um cerimonial de purificação (Levítico 14.1-32), pois não há doença que seja incurável para Deus.
Ele não podia mais viver no povoado. Foi segregado do convívio dos amigos, afastado do contato com familiares, excluído dos abraços daqueles a quem ele amava. Além disso, não podia entrar no templo para adorar a Deus, pois sua doença o classificava como "cerimonialmente impuro". Ele poderia até pensar: "nem Deus me quer"...
Um pária em quarentena eterna, miseravelmente isolado dos "puros". Só lhe era permitido conviver com outros em semelhante condição. Nos tempos bíblicos as dificuldades físicas causadas pela lepra eram enormes, mas talvez as tribulações emocionais e relacionais advindas dela fossem ainda mais devastadoras. A doença ia dilapidando corpo e alma. Seria assim até o fim dos seus dias. Seu destino estava selado.
Todavia, apesar desse prognóstico funesto, num dia - abençoado dia - o homem ouviu que por ali passava aquele galileu que vinha impactando Israel com seu ministério, ensino e sinais miraculosos. Deus encarnado em Cristo estava visitando seu povo.
"...o poder do Senhor estava com ele para curar os doentes."
(Lucas 5.17)
Dentro daquela alma escurecida começava a brilhar uma chama de esperança, fraca, bruxuleante, que aos poucos ia ganhando força. "Se ele quiser, poderá me curar", pensou.
O homem tomou a decisão de ir ao encontro de Jesus. Possivelmente ele teria que entrar no povoado correndo o risco de ser apedrejado, mas sua esperança de ser curado era maior que o medo da morte.
Sem dificuldade ele localizou a turba onde o galileu estava. Avançou na direção de todos. Seu coração batia forte no peito, bombeando adrenalina pelo corpo. Dentro dele crescia o sentimento de que aquela era a hora mais importante da sua vida. Era tudo ou nada.
Imagine o espanto das pessoas se afastando assustadas ao perceberem a presença repugnante daquele leproso fétido, quebrando todos os protocolos da religião, higiene e segurança.
Apesar dos protestos, ele prosseguiu, discerniu quem era o galileu e se prostrou diante dele, dizendo: “Se quiseres, podes purificar-me”.
Dúvida e fé se encontravam numa súplica desesperada, ("queres mesmo?") e ("podes, sim!"). Mais uma vez nos identificamos com ele, pois nossa fé muitas vezes falha, claudica, confia não confiando.
Impacto maior que a presença do leproso foi a atitude de Jesus.
"Cheio de compaixão" (detalhe dado apenas por Marcos), o Senhor toca no leproso, também quebrando protocolos. Uma onda de paz envolveu todo o ser daquele homem. O leproso foi curado "imediatamente".
Jesus é poderoso para curar qualquer enfermidade imediatamente. Às vezes, sua cura é mais lenta, como no caso do cego de nascença (João 9), a quem Jesus lambuza os olhos com lodo e manda lavar-se no tanque de Siloé. Às vezes Jesus não cura, como aconteceu em Nazaré. Deus não cabe dentro das nossas regrinhas humanas.
Aquele homem, já não mais leproso, teve sua saúde restaurada, sua situação com a lei consertada, e agora podia retornar ao convívio dos seus, aos abraços que tanto lhe fizeram falta.
Jesus veio para restaurar miseráveis como nós.
Veio para trazer libertação aos cativos (Lucas 4.18-21).
É Emanuel, o "Deus conosco", que toca em nós.
Para refletir
Há alguma área em sua vida que você precisa do toque de Jesus?
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