Bom dia.
Essa reflexão é divida em duas partes. Hoje teremos a primeira; amanhã, a segunda.
Estagnar na vida espiritual é um risco constante. Se descuidarmos da espiritualidade, o coração endurece, o cinismo com a vida e com o próximo aparece, a indiferença e a impaciência se sentem à vontade no palco da vida. As heresias e as inclinações carnais encontram uma mente e um coração escancarados para acolhê-los.
Vejamos o final da segunda carta de Pedro:
Cresçam, porém, na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, agora e para sempre! Amém.
(2Pedro 3.18)
Essas são as últimas palavras de Pedro, uma espécie de testamento aos cristãos espalhados pelo mundo. Nessa carta ele se despede, pois Deus lhe havia revelado que sua partida estava próxima.
Como pastor do povo de Deus, Pedro procura recomendar aos seus leitores uma combinação sadia de fé e prática cristãs. Sua carta tem três propósitos: 1) estimular o crescimento cristão (cap. 1); 2) combater falsos ensinos (cap. 2) e 3) encorajar a vigilância, tendo em vista a segunda vinda inequívoca do Senhor (cap. 3). Sugestão: leia a segunda carta de Pedro de uma vez, numa sentada só. Você verá como ele encadeia esses três assuntos.
Como Pedro pretende que suas ovelhas cresçam? Através da graça e do conhecimento. Um dos melhores antídotos para heresia é o verdadeiro conhecimento.
Vejamos o verso 3:
Seu divino poder nos deu tudo de que necessitamos para a vida e para a piedade, por meio do pleno conhecimento daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude.
(2Pedro 1.3)
Deus colocou à nossa disposição tudo o que precisamos para vivermos com Ele e crescer espiritualmente através do nosso conhecimento dele. Esse “pleno conhecimento” é mencionado três vezes por Pedro aqui nesse texto (versos 2, 3 e 8).
Vamos dividir essa jornada do crescimento em três pontos:
Precisamos conhecer a nós mesmos
Precisamos conhecermos a Deus e suas promessas
Precisamos mostrar esse crescimento pelas atitudes e pelos frutos
Em primeiro lugar, para crescermos sempre, precisamos conhecer a nós mesmos, conhecer o que somos, as nossas virtudes e as nossas limitações.
Olhemos para Pedro. Nos evangelhos ele é alguém rude, turrão, impulsivo, que fala primeiro e pensa depois. Alguém com uma sinceridade desconcertante, que também se reconhece como pecador diante de Jesus. O Mestre passa três anos investindo na vida dele. Apesar disso, Pedro nega Jesus na noite em que o Senhor mais precisava de um amigo.
Agora olhe para Pedro no livro de Atos. Veja a diferença que o Espírito Santo faz na vida de um cristão em crescimento. Aquele que fugiu na calada da noite negando o Mestre, algumas semanas depois estava encarando o Sinédrio (o tribunal dos judeus que condenou Jesus à morte) frente a frente sem medo algum (Atos 5). Já havia pregado com poder e ousadia. Milhares de pessoas se convertem (Atos 2). Prega para os gentios (Atos 10). Ele é preso e salvo da prisão por um anjo (Atos 12).
Mas ele não é livre de erros. Pelo menos quinze anos antes de escrever sua segunda carta, ele foi confrontado por Paulo na Carta aos Gálatas, por causa da sua hipocrisia - ora se comportando como gentio na ausência dos judeus, ora se comportando como judeu.
Ele se refere respeitosamente a Paulo como amado irmão aqui no final da segunda carta. Pedro mereceu ser confrontado e o mundo inteiro ficou sabendo disso. Mas ele se corrigiu, continuou crescendo na graça e no conhecimento de Cristo.
Vivo dizendo que quando lemos a Bíblia, a Bíblia também nos lê. Somos confrontados por meio das Escrituras.
Você se conhece? Essa pergunta é mais profunda do que parece.
Ao olhar para trás, pense nas experiências difíceis que você passou. Em Deuteronômio 8, Moisés nos diz que Deus submeteu o povo à prova no deserto para revelar o que estava no coração. Deus já sabia o que havia lá, mas o povo precisa conhecer o próprio coração, onde estava falhando e onde poderia melhorar.
Conhecer o que está no nosso coração. Deus quer revelar para nós o que está no nosso coração, assim como fez com Israel no deserto. Façamos uma autoanálise sincera e sem reservas. Assim, "mapearemos" nossos pontos fracos, (por exemplo, nossa impaciência, orgulho) e estaremos mais atentos a eles, pedindo que o Senhor nos transforme.
>>> continua
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