Bom dia.
"Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele..."
(Marcos 3.14)
Uma das maneiras de estarmos aos pés de Jesus é por meio da solitude, estarmos a sós com Deus.
Henri Nouwen, 1932-1996, padre e escritor, escreveu ótimos livros sobre espiritualidade. Num deles, afirmou:
No tempo de solitude nós tomamos alguma distância das muitas opiniões e ideias das pessoas e nos tornamos vulneráveis diante de Deus. Aí podemos ouvi-lo de forma cuidadosa e distinguir entre nossos desejos e nossas tarefas, entre nossas urgências e nossa vocação, entre o clamor de nosso coração e o chamado de Deus.
Outro aspecto interessante nessa passagem de Marcos, é que, além dos nomes dos discípulos escolhidos, há alguns complementos, informações adicionais. Vejamos alguns exemplos.
Simão é chamado Pedro (rocha, pedra) por Jesus, mas o caráter de Pedro nos evangelhos não é comparável com uma Rocha. Esse nome faz mais sentido quando vemos o Pedro do livro de Atos, liderando a igreja.
E João? Chamado de "o discípulo do amor" ou "o discípulo que Jesus amava", aqui ganha um apelido especial: filho do Trovão! Em Lucas 9.54, ele e Tiago perguntam a Jesus: “queres que façamos cair fogo do céu para destruir os samaritanos?”. Certamente Jesus trabalhou no caráter desses homens.
É significante o fato de o cristianismo começar com um grupo. A fé cristã, desde o começo, é descoberta em comunhão e vivida em comunhão. Enquanto os fariseus se isolavam dos outros homens, os cristãos viviam em grupos. E que grupo mais heterogêneo, esse escolhido por Jesus...
Mateus era cobrador de impostos, um marginalizado, renegado e tido como traidor de seu povo. Simão, o zelote era um nacionalista revolucionário violento, talvez o primeiro “black bloc” da história... Compõem o grupo dos doze pelos menos quatro pescadores sem cultura, e outro que seria posteriormente chamado de traidor e "filho da perdição".
Homens sem nenhuma qualificação em particular. Não eram ricos; não tinham posição social de destaque; não tinham cultura nem eram treinados em teologia; não ocupavam lugares de destaque nas sinagogas. Eram homens comuns.
William Barcley, 1907-1978, pastor e escritor, escreveu sobre os doze:
Eles tinham duas qualidades especiais: primeiro, eles sentiram a atração magnética de Jesus. Havia algo nele que faziam com que eles o desejassem como Mestre. E segundo: tiveram a coragem de mostrar que estavam ao lado dele! Não se engane, para andar com Jesus você precisa de coragem! Aqui estava Jesus calmamente subvertendo as regras e costumes dos fariseus; Jesus estava numa inevitável rota de colisão com os religiosos, e os discípulos estavam com ele.
Esse é o poder de Jesus, do evangelho e do discipulado: transformar pessoas comuns em homens e mulheres de Deus.
Se Deus escolheu alcançar o mundo começando com doze pessoas como essas, imagine o que ele pode fazer em você e através de você!
Deus tornou-se homem para transformar criaturas em filhos; não simplesmente para produzir pessoas melhores da antiga espécie, mas para produzir uma nova espécie de pessoas.
C. S. Lewis, 1898-1963
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