Bom dia.
Leia Gênesis 20.1-18
Já não li essa história antes, a de Abraão contar umas "mentirinhas", quando a situação se complica? Sim, caro(a) leitor(a), você tem razão.
O palco é outro, mas o enredo é o mesmo. Antes fora no Egito (Gênesis 12.10-20), ocasião em que Abraão mentira a faraó. Agora, em Gerar, ele mente a Abimeleque, sujeita sua esposa novamente ao adultério e prejudica a mulher e as servas de Abimeleque, pois Deus as havia tornado estéreis por causa desse imbróglio. Embora Abraão seja um dos nossos heróis da fé, ele não aprendeu bem a lição da primeira vez. De fato, ao ceder à tentação novamente, ele se arriscava a transformar um ato pecaminoso em um padrão pecaminoso de mentir sempre que suspeitava que sua vida estava em perigo. Lamentavelmente, a história ainda se repetirá, e neste mesmo palco, desta vez com Isaque (Gênesis 26). Apesar de amarmos a Deus, certas tentações são especialmente difíceis de resistir. Esses são os pontos vulneráveis em nossa armadura espiritual. Ao lutarmos com essas fraquezas, podemos ser encorajados a saber que Deus está cuidando de nós, assim como fez com Abraão.
Um cristão não é alguém que nunca erra, mas alguém capaz de se arrepender, se recompor e começar de novo, porque a vida de Cristo está dentro dele.
C S. Lewis, 1896-1963
Ter uma recaída no pecado é diferente de persistir no pecado. O cristão peca porque é um pecador, imperfeito, falível, suscetível às pressões. Mas não vive na prática do pecado.
Aquele que é nascido de Deus não vive no pecado, pois a vida de Deus está nele. Logo, não pode continuar a pecar, pois é nascido de Deus.
(1João 3.9)
Persistir no erro é algo maligno. É cultivar a atitude de pensar "posso aprontar o que quiser, porque Deus já me perdoou mesmo". Isso é "baratear a graça" que nos foi dada gratuitamente, mas para Cristo custou seu próprio sangue.
Bonhoeffer foi um pastor luterano, preso e morto pelo regime nazista na IIª guerra mundial. Seus escritos são preciosos. Diferentemente de outros pastores da época, mesmo em face à morte, ele não negociou sua fé nem seus princípios.
A graça barata [...] é a pregação do perdão sem arrependimento, o batismo sem a disciplina de uma congregação, a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, a absolvição sem confissão pessoal. A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado.
Dietrich Bonhoeffer, 1906-1945
Não brinque com o pecado. Se ele fosse uma mercadoria vendida em lojas, sua embalagem teria avisos alarmantes, do tipo: "CUIDADO, ISSO MATA!".
Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
(1João 1.6,7)
Deus não desistiu de Abraão e não desiste de nós. Se nos arrependermos (e arrependimento só é legítimo quando sincero), Ele nos perdoa e nos purifica:
Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
(1João 1.8,9)
A primeira carta de João foi citada algumas vezes nesse post. Vale a pena lê-la, pois ela trata justamente da questão "andar com Deus x nosso pecado".
Cuidado com os pecados recorrentes. E cuidado para não baratear a graça.
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