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Foto do escritorLuiz Fernando Arêas

Ó, ESQUECIDA ALMA...

Bom dia.

Leia Salmo 103.


Acreditem os mais novos, se puderem. Já houve um tempo (não muito distante) em que a vida existia sem internet e sem celular.


O Google e o celular aposentaram boa parte da nossa memória. Já não fazemos mais questão de guardar informações na cabeça. Sabíamos versículos de cor, bem como uma infinidade de números de telefone. Deixamos de exercitar nosso cérebro e essas informações quase se tornaram "descartáveis". Nossa memória anda cada vez mais esquecida.

Um fenômeno semelhante aconteceu com a chegada das calculadoras portáteis há meio século. Antes delas, fazia-se a conta de cabeça ou a lápis. Eu me recordo dos caixas de padaria (quase sempre portugueses) com um indefectível lápis na orelha, pronto para ser usado. Eles faziam a conta com mais rapidez do que conseguiam escrever. Recentemente, um deles me confessou: “com essa maquininha já nem sei mais como fazer conta”. Nosso cérebro emburreceu, nossa memória se esquece e nosso coração vive desaprendendo de coisas importantes que não poderiam ser esquecidas.


O salmo 103 não é uma oração, mas uma meditação. Observe que o salmista não fala com Deus, mas se dirige a si mesmo, à sua alma, como sinalizam a primeira e a última frase do salmo, emoldurando esse belo texto. Fala também a anjos nos versos 20 e 21.


A cura para um coração esquecido é seguir o exemplo de Davi no salmo 103. Ele começa e termina o salmo falando consigo mesmo, com sua alma (vs. 1, 22). E do que a alma de Davi e a nossa não podem se esquecer?


3 É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças, 4 que resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão, 5 que enche de bens a sua existência, de modo que a sua juventude se renova como a águia.

(Salmo 103)

É muito importante começar bem o dia, colocar o pensamento e o coração em ordem, focados em Deus, senão seremos sufocados pelas demandas e urgências.

A oração da manhã decide sobre o resto do dia.

D. Bonhoeffer, 1906-1945

Igualmente importante é não nos esquecermos de quem somos e quem Deus é, nosso Senhor, Salvador, Provedor, Perdoador, Médico, Doador da vida. Davi sabia que devia nutrir essas grandes verdades no seu coração.


Ocorre que nosso coração pode se esquecer daquilo que a mente lembra.

Há coisas das quais temos absoluta consciência em nossas mentes, mas não permanecem reais ao nosso coração em termos espirituais. Esse é o problema. E essa é a principal questão que deveríamos tratar no coração enquanto oramos.

Timothy Keller (1950-2023) comentou sobre um pensamento de Lutero. Apesar de crer no evangelho, “eu sou aceito, por isso obedeço”, o modo padrão do coração é voltar e cair no princípio da religião, “eu obedeço, por isso sou aceito”.

Lutero dizia que mesmo depois de convertido, o seu coração vai voltar a agir sob aqueles princípios religiosos, e essa é a causa básica de todos os nossos fracassos espirituais, nossos pecados, emoções fora de controle, nossos conflitos e brigas, e ministérios ineficazes.


Por isso, calibremos nossa espiritualidade com a meditação nas Escrituras, a fim de fazer com que o coração se lembre do que ele insiste em esquecer.


Inunde a mente e o coração com verdades como essas:

8 O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de amor. 9 Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; 10 não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades.

11 Pois como os céus se elevam acima da terra, assim é grande o seu amor para com os que o temem; 12 e como o Oriente está longe do Ocidente, assim ele afasta para longe de nós as nossas transgressões.

13 Como um pai tem compaixão de seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem; 14 pois ele sabe do que somos formados; lembra-se de que somos pó.

(Sl 103.8-14)

Ó, minha alma, não se esqueça dessas verdades tão preciosas!



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