Luiz Fernando Arêas

jan 133 min

O PERIGO DAS QUESTÕES MALRESOLVIDAS

Bom dia.

Leia: 2Samuel 15.1-14

O assunto de hoje é bastante familiar, é sobre família.

Família é projeto de Deus. É o lugar que Deus planejou para que cada um de nós pudesse se sentir seguro, acolhido, amado, desejado, estimado. Lugar esse onde deveríamos encontrar conforto, segurança, intimidade, aconchego. Deveria ser o ambiente propício para desenvolvermos o melhor de nós como seres humanos.

No entanto, nem sempre é assim. Nossas famílias não estão livres de serem bombardeadas por coisas ruins, sentimentos negativos, atitudes destrutivas e fatores sobre os quais muitas vezes não temos controle, e que podem acabar com ela, desestruturá-la. Foi assim com a casa de Davi.

Depois de ter cometido um adultério e um assassinato (2Samuel 11), a vida de Davi nunca mais foi a mesma. Absolutamente arrependido, ele confessa seu pecado (2Samuel 12.13; Salmos 32 e 51) e é perdoado por Deus. Deus o perdoou, mas talvez ele mesmo não tenha se perdoado. Quando Amnon, seu filho mais velho, violenta Tamar, a própria irmã, Absalão, outro filho, inconformado com a inação do pai, toma as dores da irmã e mata Amnon. Tudo isso acontece e o rei nada faz. Novamente o pecado sexual e assassinato estão presentes na história de Davi.

Ele se vê sem moral para confrontar os filhos, incapaz de pôr ordem na própria casa. O resultado dessa triste omissão: mortes, tragédias, vidas profundamente marcadas pela desgraça. E Davi vai perdendo seus filhos.

Bem oportuna a advertência do último verso do Antigo Testamento:

“Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário, eu virei e castigarei a terra com maldição.”

(Malaquias 4.6)

Precisamos lutar pela harmonia de nossas famílias. A Palavra de Deus é abundante em conselhos neste sentido. O padrão divino para relacionamentos familiares, maridos e mulheres, pais e filhos, está descrito em Efésios 5.21 a 6.4 e Colossenses 3.18-21. Davi só percebeu isso tarde demais, como se vê em seu lamento pungente ao saber que Absalão fora morto:

“Ah, meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera ter morrido em seu lugar! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!”

(2Samuel 18.33)

Ninguém põe o nome no filho de "pai da paz" achando que um dia lamentaria sua morte trágica. Davi teve inúmeras oportunidades para confrontar o filho, mas não o fez. De que vale ser o rei de Israel, o ungido de Deus, escrever lindos salmos, ter tempo para o trabalho, para o reino de Israel, mas não ter tempo para resolver os problemas de casa? O exemplo infeliz de Davi como pai não deve ser seguido por nós.

Por isso, é vital encararmos os nossos problemas de frente. Se os varrermos para debaixo do tapete, achando que o tempo vai resolver tudo, na verdade podemos criar "bombas-relógio" que explodirão mais adiante, com poder de destruição potencializado.

Tenho uma infeliz coleção de arrependimentos, coisas que eu disse ou fiz e ocasiões em que me omiti. Com frequência sou visitado, para não dizer "atormentado" por eles. Sei que preciso trazer à memória o que me pode dar esperança, como, por exemplo, esse oráculo carregado de conforto do profeta Miqueias, capítulo 7:

18 Que outro Deus há semelhante a ti,
 
que perdoas a culpa do remanescente
 
e esqueces os pecados dos que te pertencem?
 
Não permanecerás irado com teu povo para sempre,
 
pois tens prazer em mostrar teu amor.
 
19 Voltarás a ter compaixão de nós;
 
pisarás nossas maldades sob teus pés
 
e lançarás nossos pecados nas profundezas do mar.
 
20 Tu nos mostrarás tua fidelidade e teu amor
 
como prometeste há muito tempo
 
a Abraão e a Jacó, nossos antepassados.

Pensando na figura poética de Miqueias, se a Fossa das Marianas (11 quilômetros de profundidade) é o lugar mais profundo do planeta, talvez seja lá que Deus lança nossos pecados.

Lembro-me também de Hebreus 7.17-18:

E acrescenta:
 
“E nunca mais me lembrarei
 
de seus pecados e seus atos de desobediência”.
 
Onde os pecados foram perdoados, já não há necessidade de oferecer mais sacrifícios.

Melhor é buscar fazer a vontade do Senhor enquanto há tempo. Que o Senhor tenha misericórdia de nós e nos capacite a sermos bons cônjuges, pais e filhos segundo o seu coração, perdoando nossos devedores e a nós mesmos, para sermos perdoados por Deus (Mateus 6.14,15).

O lindo hino "Sou Feliz", de Horatio G. Spafford, 1829-1888, nos lembra da verdade preciosa que nossos pecados foram totalmente pagos na cruz pelo Senhor Jesus:

Meu triste pecado por meu Salvador
 
Foi pago de um modo cabal;
 
Valeu-me o Senhor, oh! mercê sem igual
 
Sou Feliz! Graças dou a Jesus!

Uma bela interpretação desse hino:

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